CRIANÇA MORRENDO DE INANIÇÃO

Sórdida e insolente é a morte aguardando

Tranquila, que a fome definhe, neste resto

De gente, que, à míngua, lá vai rastejando

Sua miséria, que nem sequer para arresto

Serve, senão para Urubu, que, esperando,

Sabe chegada sua hora, e, em gesto lesto

Anda de um lado para o outro, regozijando

Antecipadamente momento certo e presto.

Não sei, qual das duas, será a mas cínica,

Se a morte, que não chega, se vil criatura,

Aí já embriagada pelo olor, da fruta vínica.

Tudo é vergonhoso, que a minha ingénua,

Desgastada visão, destrói toda a estrutura

D´alguém que se opôs, oporá, sem trégua.

Jorge Humberto

19/12/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 30/12/2007
Código do texto: T797054