ENTRADAS E BANDEIRAS

 

O corpo já padece dos sinais
de finitude, foto amarelada
que observa a vida sem jamais viver,
ilusão desprezada que não luta.

 

Se na moldura o tempo não parece
tão inclemente, passa tão veloz
que nada, luz ou sombra, o acompanha
– entradas e bandeiras no futuro.

 

Disso tudo, o que sobra é perspectiva,
pois o olhar envelhece, as dores cantam
como pássaros presos em gaiolas.

 

Do herói que pensava desbravar
matas selvagens, rios e cachoeiras,
resta a foto – rascunho desbotado.

 

(Soneto incluído no livro "Oração", que será lançado em 2024)