SOBRE O OFÍCIO
No quarto e nas janelas, envoltórios
de vagos sonhos, vozes e miragens,
divaga o poeta, místico, nas viagens
por vales e colinas, por empórios
em longínquas e mágicas paragens...
Vai decifrando mapas, num complexo
de advérbios, conjunções, versos sem nexo
- seguindo caravelas e carruagens
de sentimento, paz, luz e reflexo.
Talento e dor, no ofício mais que ingrato
de parir ilusões, refazer o ato
que para o tempo e, assim, criar, perplexo...
- Vendar os olhos, ver só pelo tato,
poesia salpicada em cada prato.
(Soneto do livro 14 VERSOS, disponível para download gratuito)