MEU BOM SHAKESPEARE
A um bardo que insiste em não morrer
Se eu me chamasse William Shakespeare
faria muitos versos em pentâmetros
iâmbicos, tão cheios de sabor
e beleza que nunca escreverei.
Estaria no palco, exposto e nu,
mesmo sendo um mistério fora dele
- A tecer linhas e destinos,
pop e clássico, feito o rock and roll.
Imerso uns quatro séculos na Morte,
terra desconhecida que pertence
a quem é eterno e ceifa os amanhãs,
eu não seria eu - ou eu seria? -
povoado de delírio e tempo para
morrer, dormir... Dormir, talvez sonhar.