QUANTO VALE A LIBERDADE
Ontem à noite no ZCC Zarinha Centro de Cultura, me deparei com uma situação inusitada. Ao subir a escada para o primeiro andar, vi que uma das monitoras do horário, se esvaia em lágrimas. Fiquei bastante preocupado. Apreensivo perguntei: - Qual o motivo de tanto choro? E ela respondeu: Um beija-flor está preso se debatendo para sair do Centro já há bastante tempo e não consegue. Já se tentamos libertá-lo de todas as formas, porém foi em vão. Levantei o olhar e vi um pequeno pássaro que voava desesperadamente de encontro as vidraças sem conseguir sair. Sem sucesso, o passarinho continuava tentando. Aquela situação também me comoveu. Resolvi me envolver na tentativa de libertar a pequenina ave. Os alunos e funcionários que estavam no ZCC, manifestavam um desejo e de certa forma, algum esforço conjunto com um único objetivo: “Libertar o colibri”.
Abri as portas e janelas e apaguei algumas luzes, para não mais ofuscar aquela pequena criatura. Com uma vara de espanar e um pedaço de tecido, fizemos uma bandeira para tentar direcionar a ave pra a saída. Porém a tentativa foi em vão. Lembrei de um colega bombeiro e liguei para o mesmo e expliquei a situação. O mesmo me orientou a ligar para a Central de Bombeiros “193” e solicitar ajuda e assim eu fiz. Na ligação me orientaram a ligar para a Central de Polícia que lá transfeririam para a o Ibama que seria o órgão responsável por esse tipo de caso. Após várias tentativas com ligações telefônicas sem êxito, retornei a ligação ao colega bombeiro e falei do insucesso. O mesmo prometeu que viria ao ZCC em dez minutos.
Aproveitei para tranquilizar os que estavam envolvidos no propósito de liberdade, que entre choro e lamentos continuavam as vãs tentativas de libertar o pequeno colibri. Chegando a viatura, o colega bombeiro entrou, olhou a situação e falou: - Ah! Ele está bem, não morrerá! E para minha decepção, disse da impossibilidade de libertar a cansada e pequenina ave. Em seguida, se retirou.
Pensei em desistir. Mas uma vontade enorme de ver aquela ave livre, tomou conta de mim. Então eu falei aos quatro ventos: - Não vou desistir de você beija-flor!
Um funcionário fez um puçá como com um saco plástico na ponta de uma longa vara, como para pegar borboletas e incansável voltei a luta para apanhar a pequena ave. Bastante tempo depois, o passarinho quase sem mais conseguir voar pelo exausto cansaço, diminuiu suas tentativas de fuga e conseguimos captura-lo. Mais que depressa, o libertamos do lado de fora e o mesmo voou em liberdade.
Entre risos e aplausos, a paz voltou aos nossos corações, pela certeza do dever cumprido. Me pus a refletir numa expressão: “QUANTO VALE A LIBERDADE?”.
Em seguida sentei-me frente ao computador e escrevi um poema com esse título.
QUANTO VALE A LIBERDADE
Não se calcula o valor
De uma vida em liberdade
Nem se sabe a trás da grade
O tamanho de uma dor
O viver perde o sabor
A lágrima rola no rosto
A cultura perde o gosto
Se morrer um beija-flor
Juntam-se forças e se espalham
Ideias expressas a surgir
Bombeiro joga atoalha
É liberto o colibri
No travar duma batalha
A vida volta a sorrir.
Thiago Alves