"Entre a luz da madrugada e do dia"
"Tu, casta e alegre luz da madrugada,
Sobe, cresce no céu, pura e vibrante,
E enche de força o coração trinfante,
Dos que ainda esperam, luz imaculada!"
(Hino da manhã de Antero de Quental)
És, ó homem, a pedra bruta a ser lapidada,
Sois, pois, a alma inquietante a se negar,
E o que é seu por destino jaz espiada
Pela brecha da porta que faz a luz sossegar.
Ela, com a sua tão pomposa promessa
Nos enche de esperança - sem indagar!
Que fazem-se galantes na divina pressa
De em todos a branda esperança largar.
O porquê de suas garbosas afirmações
Ninguém, oh céus, pode sequer responder,
A quebrar está, pois, todos os corações.
Ó límpida e incorrupta luz, eis o teu logos
A enganar-se e a enganar a todos sem ter,
Perder e ascender, ao apreender, dos jogos.