“S O M N I U M”

Na mira de teus olhos minha vontade se liberta

Na distância, de saudade, minh’alma se aprisiona

Nessa ânsia, de verdade, nenhuma reza funciona

Sem a tua tempestade, meu corpo se não desperta

Meu sonho se condiciona, se priva da liberdade

De dizer no teu ouvido, de ouvir o teu gemido

De perder o teu sentido, de suprir tua libido

De ganhar, por merecido, teu ar de saciedade

Sem prazo de validade, cobrar o tempo perdido

Direito de ser lambido, da cabeça, ao meio e fim

Baixar à realidade, de mérito então prometido

Sonhado e concebido, n’onde sou teu Arlequim

De tanto que foi querido, nutrido mas, proibido

Que o sonho a ser vivido, ao certo... será assim.

Obs:

(1) Somnium (em latim: Sonho) é, também, título de um livro escrito por Johannes Kepler, mas editado apenas no ano de 1634, quatro anos depois da morte dele. Essa obra é considerada uma das bases do gênero de ficção científica.

(2) O Arlequim (que invoco no 12º verso), o Pierrot e a Colombina são três personagens de um triângulo amoroso baseado numa comédia italiana do século XVI, de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte. Pierrot vive um amor não correspondido por Colombina e ela é apaixonada por Arlequim. Os três são empregados de uma família rica e tradicional italiana e fazem uma sátira social da época.

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 19/11/2023
Reeditado em 19/11/2023
Código do texto: T7935011
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.