PRIMAVERAS

Quarenta ou cinquenta e daí

A vida nada tem com a idade.

Se bem se aproveitar a mocidade

E a longa fase adulta que há de vir.

Quem crer na alegria de verdade

Não há de com os anos desavir,

Pois verá na beleza a cair

Flor de enfeite na jarra da vaidade.

A flor deixa nos frutos a lembrança

De que, quando em idade mais se avança,

Se colhe mais da vida o que plantou.

E em quarenta ou cinquenta primaveras

Há pétalas eternas das quimeras

De quem lembra sempre uma bela flor.