CARNIFICINA
Porque palavras rimam com violência,
compus este soneto, entre chacinas
e atos de opressão plenos de incoerência,
que moem vidas como em uma usina.
E gritei sobre os corpos, inocência
acusada, uma dor em cada esquina
esperando justiça, ou clemência,
que nos livre de mais carnificinas.
Porque, nos matadouros e senzalas,
tentam corromper nossa dignidade,
é da luta que falo e falarei.
Entre vítimas, choro, medo e balas,
quando assume o poder a crueldade,
não me intimidar é tudo o que sei.
(Soneto incluído no livro "Oração", que será lançado em 2023)