O nascimento da poesia concreta.
O nascimento da poesia concreta.
Para criar um rio, fez um risco no chão,
Caindo do penhasco, fez as cachoeiras,
Enchendo o céu noturno de pontos d'estrelas,
Como pincel usou o indicador da mão.
Pra brilhar ao dia, fez um lindo lampião,
Para a terra irrigar, nas nuvens pôs torneiras,
Brilha um disco de prata em noites seresteiras,
E do "restin" das águas um mar de amplidão.
Gêiseres e desertos, oásis, tufões,
Quênios e geleiras, picos e vulcões,
Tem de tudo e além do que você quiser.
Tem florestas, nevascas, aves de rapinas,
Mamíferos, cavernas, praias e ravinas,
E pra completar a obra Deus fez a mulher.
O nascimento da poesia concreta II
Sem compasso traçou no firmamento o arco-íris,
Em cada continente pôs o Seu brasão,
Na savana a leoa manda no leão,
Contornando a pupila, desenhou a íris.
Desconhece os pretensos poderes de Osíris,
Na aurora boreal pôs cores e clarão,
Sabedoria, riquezas deu a Salomão,
Fazendo valer Sua condição de sui-juris.
Faz girar os planetas numa rota elíptica,
Meteoros cruzando-se em linha crítica,
Tudo sincronizado como o bom Deus quer.
Aqui não Terra, o homem se fez soberano,
Manda em tudo, contudo isso é um ledo engano,
Tal como a leoa, manda nele sua mulher.