VÍCIO
Não me vejo em garrafa de cerveja,
Tampouco, em meiota de cachaça,
Que alegram, mas quando a cana passa
Entregam a moral numa bandeja.
Nem em bebidas que causam inveja,
Tipo champagne ou vinho do Caraça,
Que animam, mas, quando acaba a graça,
O fim do mês se encurta, e o bucho aleija.
Mas se precisas, mesmo, ter um vício,
Embora enfrente um torpe sacrifício,
Até viro conhaque de alcatrão.
Porque eu sei, de vício não se escapa,
E, se preciso, saio até no tapa,
Por ti que me embriaga o coração.