A CRIATURA

Podeis pensar, abusivamente, que vos falto à palavra,

Quando em meus devaneios ao Homem dou assunção,

Não há pessoa, neste mundo, que não seja escrava,

Voluntariosa e compulsiva, forjando aqui sua condição.

Direis, que é próprio do homem, qual vicio que lavra,

Ir no arrepio da vida, na transe diária, basta servidão,

Que rouba às pessoas seu discernimento, e crava

Suas garras infames, na carne inerme, caída no chão.

Todo o Homem é egoísta – vinde, pois, declarai-vos –,

Que não há nada que faça, se não for seu beneficio;

E assim, arrogantes andamos, sem quaisquer laivos.

Criaturas perdidas, num deserto sem fim, verdadeiras

Se tornariam, se não fizessem mau uso, do resquício,

Que, pouco a pouco, gesto a gesto, as dizem inteiras.

Jorge Humberto

10/12/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 16/12/2007
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