COROA

Eu trago uma coroa à cabeça,

Sem ter de um nobre o sangue azulado,

Não podendo a um rei ser comparado,

E, talvez, a coroa, nem mereça.

Sem ser de faz de conta não interessa

Um reino, se tão só ao encantado,

Onde pelo amor fui coroado,

A ambição em saltos me arremessa.

No reino que eu chamo coração,

Vivo num lar coberto de sapê,

Mas da coroa nunca tiro a mão.

Minha cabeça inquieta é encimada

Pela coroa em forma de mulher

Que a idade vence por ser muito amada.