"A L Í N G U A"
A lingua corre no vão que lhe cabe
E os caninos são sempre ameaça
Ao gozo-prêmio, para quem já sabe:
A vida é sopro que nos lábios passa
Disse a Auta: que toda a graça
Da moça foge quando a idade cresce;
O tempo vem, não espera e laça
O dia morre e outro amanhece
Quem perde o bonde noutro ponto desce
Longe de tudo que tinha na praça
A carne é fria, sem fogo não assa
A lenha, a brasa em cinza esvanece
A memória encurta logo se esquece:
A vida é sopro que nos lábios passa...