BONECARIA

Podia o que quisesse ter comprado,

Algo raro e do mais alto valor,

Mas num ponto de esquina ela comprou

Um boneco de príncipe encantado.

E fez do mimo o novo namorado,

De corpo e alma a ele se entregou,

Não viu que era o boneco um bibelô

De barro em forma humana disfarçado.

Acabou-se em pouco a quimera,

E hoje em nada análoga ao quem era

Arrasta pelas ruas a tristeza.

Na vitrine, eu, boneco de palhaço,

Estava e ainda bem não fui no braço

De quem fingia ser uma princesa.