A cachaça

A cachaça

Bem nascida da boa cana caiana,

Para alegrar o espírito da gente,

Nossa mais popular bebida quente,

Tem rápido efeito, não engana.

Tem com cobra coral e caninana,

A "marvada" chamada de aguardente,

Com capim santo cura dor de dente,

Embebeda a mundana e a puritana.

O ingrato maltrata a bebida,

Não sabe ordenar a própria vida,

Por não saber beber, faz chalaça,

Eu, no entanto, a defendo com ardor,

Que os céus acolham com amor,

Quem primeiro inventou a boa cachaça.

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Do exímio Poeta Joaquim Garcia recebi essa participação mais que especial.

SE É PINGA, RESPINGA

Confesso que dela não sei o gosto,

E até penso que morro sem saber. Encantos a danada deve ter,

Está em toda parte, até no posto. (Ypiranga)

Quem dela bebe se vê pelo rosto.

Um tom vermelho vai aparecer,

O cristão parece que vai morrer,

E sua mulher chora de desgosto.

Pinga, birita e chora-menina,

Marvada, jurubita e gasolina,

Só de nomes contei pra mais de cem.

Paro aqui, mas a lista não termina,

Tem TOME JUÍZO, é só mais uma.

Meu conselho é: Não tome nenhuma!

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Do amigo Solano Brum recebi essa participação elogiosa.

O PINGUÇO

Solano Brum

"In Vino veritas" - Mas, na cachaça,

Nem verdade, tampouco ato nobre!

Que rima pode ter, senão, desgraça?

Todo usuário, sendo rico, fica pobre!

Toma porre e diz que é por mágoa...

Revela tudo que nunca ousou dizer!

Cachaceiro, pinguço ou pau d'água,

Vive sem amor... Bebe pra esquecer!

Se a nada da valor, jamais se acerta;

Paga as rodadas, depois, pede fiado,

E há quem se afasta se por ele passa...

E eu? Porque jogo pedra na vidraça?

Eu também bebo e é do meu agrado;

E de amor na falo por não ser Poeta!