FALSAS VOZES
Já te conheço, amor, faz tantas Heras!...
Desde os antigos lábios mais mortais...
E amando as raras confissões sinceras,
Sou teu Pavão à beira de outro cais...
E exausta pelas dores das esperas,
Como que posso eu, amar-te mais?...
Se do meu sonho e céu, tu te apoderas;
E deixas minha ira, em grande paz?...
Sem ver, do amor, o lírio, reabrir-se,
Claro e imponente como os albatrozes,
Eu livro de Odisseu, mais outra Circe!...
E presa a um trono puno vãs algozes...
Pra ver o amor leal, por mim, cumprir-se,
Dos cucos vou filtrando as falsas vozes...
(Laura Alves Coimbra)