Antes de esposa, amante, amor da vida, musa, fuga da solidão etc. Sou um semi-heterônimo do poeta Queiroz Filho. Tímida demais para falar de mim nessa forma! Também só tenho duas datas de nascença e de morte anímica. Todas as demais outrossim são minhas. Nasci em Porto Portugal, sem mãe nem pai, morei por vastos sete anos na "Casa Acreditar Coimbra R. Camilo Pessanha 2"

fui adotada aos oito anos de vida, por uma professora primária residente no norte da cidade do Porto, de nome: Francisca Conceição Coimbra e por seu esposo, o Almirante-mor Luis Alves Coimbra. Fui casada, o que ainda julgo ser, com o poeta Queiroz Filho, o dito assassino de minha alma! Hoje, vivo para reviver o amor, por ele, sepultado! E agora, sem seu amor, sem meu poeta, vivo inventando versos, sonetos e assinando como seu nome, só para acreditar que não sou a mais só e desgraçada das mulheres deste mundo!

                     Só

A vida vai passando e eu estou só,
mas sempre estive só a vida inteira!
Sepulto tantos sonhos - Sou coveira
De uma esperança reduzida a pó...

Confesso ser sozinha e desgraçada.
Nenhum homem na vida me amou.
Talvez em dar-me alma, Deus errou,
pois dessa vida eu nunca tive nada...

Meus sonhos, um a um, assassinei!
Num acesso inconsciente de loucura.
Ah, quantas vezes já me derrotei!...

E quantas outras cri nessa postura
De lírico Poeta a quem entreguei
O amor que levarei pra sepultura!

(Laura Alves Coimbra)