MINHA VIDA

Eu não me perco mais descendo o rio.

Conheço cada banco de areia,

E sobre vaga calma ou onda cheia

O barco Minha Vida nele guio.

Da partida à foz não há desvio,

E entre as terras da calha que o ladeia,

Sob a chuva, o sol ou a lua cheia,

A correnteza é um grande desafio.

Mas em busca de incerto ancoradouro,

Eu vivo cada dia, o tesouro

Que levo sem ter pressa de chegar.

E embora pense o leme ter à mão,

Do barco Minha Vida a direção

Sei que é a do rio, e não posso mudar.