DOIS CAULES

Dois tenros caules, sob a ventania,

Se tocam, e um no outro se amparando,

Vão no passar do tempo se enrolando

Um no outro, a se escudar da agonia.

Crescendo, os dois antes que se via

A um só tronco vão se conformando,

Até que sob as copas se juntando

Não se vê mais dois caules que havia.

E um estando no outro em parte imerso

Surgem os frutos, cada um diverso,

Do que parece uma árvore só.

Sem mais temer os ventos vão os dois

Rumando à eternidade, como nós

Vamos num só, unidos pelo amor.