INDA QUE TU, DO TEU AMOR, ME PRIVES
Inda que tu, do teu amor, me prives,
eu vencerei montanhas, pontes, vales,
Perís, penedos, tribos, céus, declives,
pra suplicar-te, poeta, não me cales!
Pois reges minha alma e nela, vives!
Atado quão o perfume, aos meus xales...
Dos sonhos meus, teus olhos detetives!
Já acharam o segredo dos meus males...
Unir de vez os nossos dois destinos,
À paz dos brandos seres sem maldade;
Que é o espírito dos pássaros divinos...
Cantando-nos, de longe, a obviedade,
Se do alto, somos seres pequeninos,
De perto, grande é nossa insanidade...
(Laura Alves Coimbra)