PROTEJAM-SE DE MIM

Plantei árvore? Não, não sou semente,

E livros? Eu jamais escrevi um,

Se tive filhos, não lembro nenhum

Com essa minha cara de indigente.

Dos deuses que há, eu nunca fui um crente,

Aos amigos não dei valor algum,

Se existe amor, fiquei dele em jejum,

E à família sou indiferente.

Ninguém me vê, se vou ali passando,

E se ouvem o que em mudo vou falando,

Verão que falo mal de quem não gosto.

De quem pensa ser são eu faço pouco,

E quem disser que, assim sendo, sou louco,

Destruo com a força de um encosto.