CIGARRA
Se foi coincidência, não, não foi?
Ao vê-la circulando por ali,
Alheia a se fingir, me convenci
Que padeceu também do meu dodói.
Fiquei muito surpreso com o que vi,
Não achei que a saudade que corrói
Fosse a doença grave que destrói
O corpo lindo a que não resisti.
Na calçada puxava a cachorrinha,
Com a cara abatida que não tinha,
Ao esnobe, mandar-me dar o fora.
Do peito afastei toda a poeira
E vendo-a do abismo estar à beira
Vi nela uma cigarra que hoje chora.