CATIVEIRO
Quero guardar comigo essa tristeza,
Não dividi-la com quem quer que seja,
Não espantá-la nem deixar que veja
Toda a saudade da alegria acesa.
Quero calar comigo essa pungência,
Não exprimi-la em nenhum som que emite,
Não demonstrá-la e nem deixar que grite
A dor que fez de mim sua residência.
Não quero estar aqui quando, talvez,
Alguém testemunhar que alguma vez
Viu-me chorar de triste a chaga minha.
Para que ninguém possa, mesmo assim,
Por compaixão sentir pena de mim,
Deixe eu trancar, silente, a dor sozinha.