CETICISMO
Não acredito em tudo que eu vejo,
Mas creio em tudo que eu toco e sinto,
Misturando alma e corpo, se consinto
Sentir o que toco louco de desejo.
Do que avisto, pouco eu almejo,
E sentindo demais, mais eu pressinto
Que seja só o desejo que o instinto
Impõe, e a quem cedo sem gracejo.
É que sentindo sofre e não goza
A alma essa estranha e nebulosa
Sensação de ao prazer se permitir.
Em suma, no que vejo eu não creio
E ao que sinto e toco dou-me alheio
Ao que minha alma faz para impedir.