FERRUGEM
O juízo de um velho enferruja
E a ferrugem come a cada dia
Do juízo do velho uma fatia,
Como prega o profeta Azambuja.
Mas não se vai do velho a parte suja,
Aquela que lhe dava alegria,
E quando pelas ruas vê Maria
A persegue com olhos de coruja.
Passa o tempo e também passa vergonha
O velho louco que sem força sonha
Que os hormônios nele ainda rugem.
E de juízo velho enferrujado,
Vê, tendo a Maria conquistado,
Que só o coração não tem ferrugem.