JOGRAL DE FEIRA
Já fui poeta e tinha por certeza
Que com candentes versos embalava
As noites de quem sempre acordava,
Ofuscando as manhãs com sua beleza.
Mantinha com poemas sempre acesa
A luz da esperança, se esperava
Ser o herói que em sonhos cavalgava
O leito onde dormia uma princesa.
Mas quão feroz comigo foi o destino,
Ao me tornar no conto um peregrino
Feirante a ser por todos desprezado.
Hoje, elevada à glória, ela é rainha
E eu, perdida a verve que antes tinha,
Como um parvo jogral sou apupado.