SALOMÉ

Em dança eletrizante fui levada

Pelos agudos sons de um violino,

Aos braços de um hábil dançarino

Que me deixou febril, torva, excitada...

A cada volta, a seu corpo colada,

Mais via na atração ato divino,

Por não poder lutar contra o destino

De ser pela cadência escravizada.

E na ondulação de seus meneios,

Movendo meus quadris em bamboleios,

Entreguei-me intensa à luxúria.

De ventre em fogo, vi-me em Salomé

Seduzindo o par a escolher

Entre a cabeça e meu corpo em fúria.