Nada

E só mais uma vez, hoje eu te peço,

Depois que já me for, não peças nada.

O quanto eu te chorei, não te confesso,

Nem mesmo se outra vez fosse beijada!...

Se essa vasta mágoa já nem meço,

Após ser desdenhada e desdenhada!

E ver-te um Casa Nova de sucesso;

E ver-me Soror Dor, a maculada!

Eu, que sem existir, calada, existo…

Eu, que dei sopa e manta a esperança...

Eu, que te esquecer, jurei a Cristo…

Não meço a mágoa, essa aguda lança...

Pois a alma que te dei vendo a Mefisto,

Em troca dos meus sonhos de criança…

(Laura Alves Coimbra)

Laura Alves Coimbra
Enviado por Laura Alves Coimbra em 06/12/2022
Código do texto: T7665537
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