Talvez seja uma herança de Vovó,

Sentir-se desse quarto, a prisioneira...

A vida é companhia e eu estou só!

Sozinha entre o silêncio e a poeira...

O amor tornou-se a reles baboseira,

Que hoje em desprezar, não tenho dó!

A mágoa é sempre bem mais verdadeira

Que uma paixão fadada a ser só pó...

E a única amiga que hoje eu tenho

É uma enfadonha traça que caminha

Na página que, em mãos, ora detenho.

Marchando entre letras de Caminha,

És lenta como a dor do grosso lenho

Da vida que ganhei, mas não é minha...

( Laura Alves Coimbra)

Laura Alves Coimbra
Enviado por Laura Alves Coimbra em 30/11/2022
Reeditado em 30/11/2022
Código do texto: T7661518
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