ÚLTIMA FLOR

Todo dia arrancava uma flor

E escrevia nas pétalas um dito

Que traduzisse o verso mais bonito

Referido em cartas de amor.

E a enviava por um beija-flor,

Que a se arrojar ligeiro no infinito,

Sem saber o endereço nela escrito,

A devolvia murcha e sem cor.

Até vir alertar-me a roseira,

Chegando à nudez quase inteira,

Por ver restar só um botão no pé,

"Se quem amas, rejeita os teus carinhos,

Deixa esta flor brotar, mesmo entre espinhos,

Para ofertá-la a quem te merecer."