AMOR

Dizia ontem ao pé da juventude,

Eu nada sei do amor, não sei de nada,

E hoje com a voz estrangulada

Digo que o mesmo amor, ainda, me ilude.

Amei tanto e amar mais eu não pude,

Nem sei se mais alguém nessa empreitada

Amou da minha forma despojada

De amar como última e única atitude.

Mas não renunciei ao que o destino

De modo ardiloso a mim traçou,

Deixando-me a alma quase em desatino.

Não sei porque, assim, o destino quer,

Mas se hoje, ainda, me iludo com o amor,

É por amar o amor, não só a mulher.