TRIBUNAL DA CONSCIÊNCIA

No tribunal de minha consciência,

Em banco destinado para o réu,

Sentou-se quem a mim me pareceu

Não ter traço algum de inocência.

E algo imprevisível ocorreu,

Durante o interstício da audiência,

Ora, o vulto ganhava a aparência

De mulher, ora, o rosto era o meu.

Ultimado o processo de instrução,

Eu fui o condenado por traição,

E exculpado de tudo o outro ente.

Sentenciado aquele à liberdade,

A mim coube queixar-me de saudade

E amar, sem ser amado, eternamente.