AMARGURA
Tenho, às vezes, vontade de sair
Do corpo, desfazendo-me no ar,
Livre de tudo e sem ter um lugar
De chegada, espalhar-me por aí.
Sem ter sombra da qual queira fugir,
Abrir-me à amplidão sem escutar
O som da vida onde ecoar,
Sem nada esperar, nada sentir.
Depois, cansado, jogo-me, enfim,
A ver-me a magoar, vingar a mim
Em minha alma triste e amargurada.
E sem mentir a mim compreendo tudo,
Nem culpa eu tenho pelo que me iludo
E que jamais terei nesta jornada.