RETROVISOR
Enquanto a estrada passa, o retrovisor
mostra o reflexo tosco do que foste,
insuficiente para apagar rastros,
ler a existência, congelar o tempo.
Condensado no espelho, só o reverso
do caminho se pinta, surreal,
impossível captura do contínuo
- ângulo que desfaz tudo o que resta.
As paisagens da estrada descortinam,
imponentes, os olhos do futuro,
rumos não percorridos e faróis.
Mas, como os postes, versos esquecidos,
segues mesmerizado ao que passou,
alma apegada à vida que não volta...
Setembro de 2022
(Soneto incluído no livro "Oração", que está em produção)