GRAÇAS
Numa trempe se arde o de comer
É couro de galinha que a gente
Recolhe no mercado e sai contente,
Por deixar a barriga sem doer.
O fogo é de graveto, pode crer,
Gás butano aqui não é corrente,
Se falta pau nada aqui é quente
E couro cru como eu e a mulher.
A fome não está presa à vontade
E nem magro eu sou por lealdade
Ao jejum pela honra do Senhor.
Lembrando Deus, ah! Ele não é cego,
Se fosse tu dormia em cama de prego,
Dê graças, diz raivoso o pastor.