VIDA DE CACHORRO

Você de vez em quando aparece,

E de quando em quando, também, some,

E feito um cão sardento a passar fome

Espero a vez, pra ver o que acontece.

No sumiço, o faminto nada come,

E engole vento, e até de si esquece,

Quando aparece, como se viesse

Dar a ração que nem gato consome.

Arre, nesse vaivém, um dia morro,

De tanto padecer como um cachorro

Que lambe o chão, sentindo o abandono.

Não reclamo, por vir quando bem quer,

Se até que morra, hei de amar você,

Como um fiel cachorro ama seu dono.