SEM AMOR
Vale de quê o sexo sem amor,
Se mesmo que se orvalhe uma rosa,
As pétalas se fecham e em nervosa
Alma o arco-íris não tem cor?
Uma manhã sem ter sol e calor
Com respingos de lágrima ansiosa
É o leito onde a alma pesarosa
Põe-se à luz cinza, ao invés da furta-cor.
No orvalho do sofrer nada floresce,
Senão desilusão, o mal que cresce
Na corola que ao peito equivale.
Se em canteiro de amor flora a meiguice,
Em leito seco nada há que vice,
Pois sexo sem amor de nada vale.