MERCADO DAS PULGAS

No mercado das pulgas do amor

Predominam as regras do varejo:

Quem vende é o objeto de desejo

E a pechincha vem do comprador.

Não há crédito, aval ou fiador,

Paga-se adiantado, sem cotejo

Da mercadoria, e sem gracejo

Se usa na hora a peça que comprou.

De graça nem abraço ou sorriso

E mesmo sem ter placa ou aviso

A concorrência impõe uma tabela.

Cada gesto ou palavra tem um preço,

E o que dá prazer, lá está expresso,

Embora só amor falso esteja nela.