SONETO DE AMOR
Dez silabas poéticas completas
Recitou para mim em negação,
Sem usar de artifícios ou indiretas:
Não, não, não, não, não, não, não, não, não, não.
Sobre a folha da pele, mãos inquietas,
Que compunham sublime criação,
Pararam, como fazem os poetas,
Contendo a pena sem inspiração.
Havendo, no entanto, o estro voltado,
Na resposta de seu corpo excitado,
Um soneto de amor surgiu, por fim.
A língua, a valer quanto um tesouro,
Usei, e ela deu-me o verso de ouro:
Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim.