KAFKANIANO

Armado de desejos perpetrei

O crime de amar uma mulher?

E mesmo sem delito-tipo em lei

Mandou a autoridade me prender?

Quem praticou o abuso, indaguei

Ao carcereiro, pode até não crer,

Mas foi teu coração, pelo que sei,

Que mandou em correntes te meter.

Tem o estilo de Kafka este processo

Sem pé e sem cabeça, réu confesso,

Não posso me livrar desta prisão?

Não. Não há fiança ou graça pro delito

De amar quem não nos quer, e este edito

Vigora até mudar teu coração.