A pia
A pia
A pia de minha casa é muito inconsequente,
Só vive cheia, grávida de todo mundo,
Na rapidez da luz, em menos de um segundo,
E ainda dizem que ela me ama piamente.
Piamente é uma ova! Estou quase doente,
De tanto esfrega e esfrega neste fim de mundo,
Tralhas que não tem fim, estou nauseabundo.
E haja bucha, bombril, sabão e detergente.
A pia de minha casa não é simples pia,
É carma que me segue, não é terapia,
Quem me dera livrar-me deste sofrimento
Não tenho paciência nem tempo pra nada,
Vivendo ao pé da pia, minha paz acabada,
Parece que com ela foi meu casamento.
Aracaju, 13/06/2022
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Recebi agradescido do Poeta Kid verso, essa bela e oportuna interação.
NENHUM PIO
Ameaço reclamar, mas não me arrisco,
e aquilo tudo olhando para mim,
vontade de fugir, mas corro o risco
de que meu casamento tenha um fim.
De um lado aquele olhar, olhar de fisco,
a me dizer que nem tudo é ruim,
e do outro uma montanha, eu sequer pisco
a detestar tarefa mais chinfrim.
A minha resistência não se cria,
e vou a contragosto, até sorrio
pra disfarçar então a antipatia.
A pia não tem culpa, mas meu brio...
está quase a gritar com a vadia
que grita antes de mim: -não dê um pio!