PORÕES DA DITADURA
Tanta gente caída pela estrada,
e nos porões o grito alucinado.
Tantos de nós lutando, a madrugada
fechando o cerco contra o seu passado ...
- E nos porões o grito, a pátria amada
sucumbindo ante à dor de um torturado.
Tempo desalinhando-se por nada,
como se pensar fosse o seu pecado ...
Naquele grito, vive inda o pedido
de que eu nunca me esqueça desse corte,
do sonho censurado, esquecido.
Acima dos direitos, pátria forte ...
E nos porões o grito consumido
- liberdade lutando contra a morte!
(Um soneto político, feito em 1986, que, pensava o poeta, não seria mais necessário
hoje em dia - mas ainda o é. Posto aqui em homenagem a Zuzu Angel que completaria
101 anos neste dia 05 de junho, a seu filho, Stuart Angel Jones, preso, torturado e morto
durante a ditadura no Brasil, como tantos outros que aqui também homenageio.
DITADURA NUNCA MAIS!)