CHEIRO

Cheiro de nuca, cheiro de cangote,

Sentir de novo um cheiro bom assim,

Só depois de ouvir tímido sim,

E o não, não, não, não deixo se esgote.

É tanto cheiro, mas não vem de um pote

Grande de ouro e tampa de marfim,

O que parece encher todo o confim

Vem de um frasco sem que quase se note.

Da frente vem de flor, a flor de cheiro

Que se esconde embaixo do canteiro

Pequeno, mas da terra é o paraíso...

De trás se vem, vem forte de um botão

Que se abre depois que o não, não, não

Cede ao sim, e o medo vira um sorriso.