MÁSCARAS
Falar do que não vivo pouco vale,
Mesmo que me construa de ilusões.
É daquilo que toco o meu desenho
Do real, verossímil ou plausível.
Descartadas as máscaras, tardias,
Restam os hematomas, as feridas,
As rugas empilhadas como trilhos,
Os medos desabridos, sem sorriso.
Falar do que não vivo é escapismo
Barato, rima pobre e sem propósito
Só para maquiar um mau soneto.
É daquilo que toco o meu relato,
Inda que amargo, carta extraviada
Para quem quiser ler, no fim dos tempos.
(Abril de 2022)