SAUDADE
Alberto Valença Lima
Saudade que me abraça e me consome...
Maltrata e me fustiga o coração.
Não serve nem sequer uma canção...
Nos braços seus, me toma meu pronome.
Na tarde de surdina diz meu nome
Em folga, dá risadas de bufão.
Sem dó de minha dor, feito um vilão
Saudade, piedade é teu cognome.
Paixão, tu que algum dia me tragaste
Não fazes desta dor meu sofrimento
Deixando a nostalgia feito alento...
A prata que à minh' alma renegaste
Da vida, nem saudade é meu unguento
Pressente sorrateira meu tormento.
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Nota
O soneto heroico puro é um tipo de soneto em que as sílabas tônicas dos versos decassílabos caem sempre nas 2ª, 6ª e 10ª sílabas). Leia sobre ele no artigo abaixo.
SONETO HEROICO PURO