TALHE

O Homem não teria nunca de ser como é

Senão fosse teimoso, irredutível, finca pé

Bastava aos outros responder co respeito

E todos sem excepção lhe dariam conceito.

E este maldito vício que o entrega ao vazio

Deixando-o sempre mais só e cheio de frio,

Amarguras lhe traz a vida um eterno inferno

Inda que ele tente mostrar-se sempre terno.

Não é que seja mau mas deveras incoerente

Com o próprio, os outros a vida que escolheu

E ainda pensa que passa incólume pela gente.

Pobre criatura, buscando ávida uma abertura

Para que possa, enfim, o que chamar de seu,

Sem que para isso, seja preciso, uma rotura.

Jorge Humberto

19/11/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 21/11/2007
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