TRIBUNAL DO AMOR

No tribunal do amor eu fui julgado

Por crime, com embase em falatório,

E sem defesa e sem contraditório,

Injustamente, vi-me condenado.

Versava a acusação ter-se frustrado

Alguém, por amor falso, ilusório

E sem meios de oitiva ou relatório,

O verdadeiro amor não foi provado.

No excesso da lei, fonte de injustiça,

Em que negar defesa é a premissa,

Até a apelação restou vencida.

E pasmem, firme em tal Rochefoucauld,

Por sentença o juiz me condenou,

Sem posse, a amar alguém, por toda vida.