PESCA DE OURIÇOS

A boca, uma lagoa encarnada

Pelos raios de sol forte a queimar

E os seios, cada um, duna encantada

Faziam de seu corpo terra e mar.

E além de ondas do ventre, a enseada

Onde os olhos corriam, fui achar

A fartura que estava enterrada

Entre algas, ao pé do quebra-mar.

E foi sob os encantos e os feitiços

Desse mar de corais e madrepérolas

Que me joguei à pesca de ouriços.

E após saltar espinhos, indo ao visco,

Prendi a língua num colar de pérolas

Da cavidade rósea do marisco.