Pão de gaveta
Pão de gaveta
Velho pão esquecido na gaveta,
Resto de um lanche outrora saboroso,
Num dia de fartura e venturoso,
Onde nem toda farra se aproveita.
Mas a fome também é de veneta
E aparece em um dia tenebroso,
E aquele duro pão, ora crostoso,
Decerto porá fim na fome inquieta.
Igualmente, há amores esquecidos
Nalguma escuridão endurecidos,
Pela morosidade da ampulheta.
Vem a solidão, falta-lhe o calor,
Resta-lhe resgatar um velho amor,
Que padecia no fundo da gaveta.
Aracaju-Sergipe, 27/ 22/ 2021